No início da década de 1990, o e-mail era uma das ferramentas mais inovadoras para a época. O responsável por implementar a novidade na Prefeitura do Rio, entre outras tecnologias, foi o analista de sistemas Alexandre Cardeman, um dos idealizadores do Centro de Operações Rio (COR) em 2010.
Formado em análise de sistemas, Cardeman chegou à Prefeitura em 1981 e passou por diversos órgãos durante sua trajetória até o COR. Começou como estagiário no Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, logo depois foi para o IPLANRIO (Empresa Municipal de Informática) e também teve uma importante passagem pela gestão de suporte de tecnologia da Secretaria da Fazenda.
“Ajudei a implementar o primeiro e-mail da Prefeitura e o Diário Oficial Online, que usamos hoje. Também ajudei a montar a primeira rede de computadores da Fazenda em 1992 e a entrada por biometria. Em 2005, fui para a secretaria Rio 2007 para planejar os Jogos Pan Americanos, passei pela secretaria de turismo e depois fui vice-presidente da IPLANRIO. Em 2010, vim para o COR.”
Cardeman contou que o modelo que conhecemos hoje no COR foi inspirado no Centro de Operações criado para ajudar no monitoramento dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007. A ideia é a mesma, apenas com algumas mudanças.
“O Centro de Operações que foi criado para o monitoramento dos Jogos Pan Americanos foi desmontado assim que o evento terminou. Durante as chuvas de 5 de abril de 2010, ainda não tínhamos o radar da Prefeitura, apenas o do Pico do Couto, em Petrópolis, que naquele momento não tinha a aferição perfeita. As chuvas foram muito fortes, teve alagamento, queda de árvores e deslizamentos que deixaram mortos. O prefeito olhou para a cidade e viu que estava um caos, então decidiu criar o Centro de Operações Rio. E como eu já tinha experiência com a montagem do primeiro, fui chamado novamente. Tivemos seis meses para montar tudo.”
Trajetória no Centro de Operações
Durante a primeira passagem pelo COR, Cardeman trabalhou por sete anos como assessor especial e com a parte de tecnologia. Em 2017, atuou como chefe-executivo e trabalhou pela Comlurb por um ano. Já na sua segunda vez no COR, entrou como chefe novamente e permaneceu até 2023.
“Na primeira fase, a dificuldade em ser chefe-executivo do COR era fazer com que a instituição tivesse a confiança da população, da imprensa, das agências e das pessoas que trabalhavam na prefeitura. Depois, o desafio era fazer com que as agências quisessem trabalhar aqui. Nós temos desafios tecnológicos e processuais, mas o maior é com as pessoas.”
Desafios com o monitoramento da cidade durante a pandemia
Assim como a maioria dos lugares, o Centro de Operações também precisou se reinventar durante a pandemia. Cardeman ainda era chefe e contou que foi um momento desafiador para o monitoramento da cidade.
“Durante a pandemia tínhamos pouca gente e um problema de divulgação porque os jornalistas não estavam presentes. Nós deixamos um pouco de monitorar o trânsito e passamos a monitorar mais a questão do isolamento social e aglomerações. Tivemos que tomar atitudes drásticas no Réveillon para evitar que as pessoas fossem às praias e trabalhar na mente delas que aquilo era um risco. Era mais um trabalho de conscientização, até porque o número de ocorrências diminuiu muito. As coisas mudaram depois da pandemia e precisamos entender isso para saber como fazer política pública para melhorar essas coisas.”
Parcerias com Nasa e Waze
Em uma instituição com tanta influência e credibilidade, estar atualizado de acordo com as novidades e possibilidades da tecnologia é essencial. Durante os 14 anos do COR, muitas coisas mudaram e Alexandre Cardeman esteve presente nas mais relevantes.
“Nós passamos a trabalhar com parcerias como Nasa e Waze, nós fomos os primeiros no mundo a implantar isso e quebrar paradigmas. O conceito de integrar várias agências de segurança e emergência também foi inovador. Além de ter a imprensa aqui para ver o nosso trabalho e divulgar como quiser. Outra coisa é a informação geolocalizada, porque diferentemente das rádios e televisões, nós conseguimos enviar uma informação específica apenas para pessoas que estão em um local que está sendo afetado e para as pessoas que irão passar por lá.”
Trabalho com inovações e planos para o futuro do COR
Hoje, aos 62 anos, Cardeman atua na área de inovação, em projetos com inteligência artificial e fazendo desafios com startups para que o Centro de Operações esteja sempre atualizado com as novidades do mercado.
“Já estamos no sétimo desafio e agora vamos fazer um com jogos que tenham a ver com o COR e o nosso trabalho aqui com a cidade. O mais desafiador disso tudo é esperar as coisas acontecerem, porque são de médio a longo prazo e ainda ter isso sendo feito em paralelo com todo movimento de operações e entender os comportamentos para que quando entrar a inovação, ela esteja de acordo com o momento e não se perca.”
De acordo com ele, os planos para as futuras inovações do Centro de Operações são entender o comportamento urbano e aplicar tecnologia para isso. Entender as situações que podem vir a acontecer e se antecipar cada vez mais aos problemas.
“Quanto mais cedo soubermos, mais rápido vamos conseguir resolver as crises da cidade. Esse é o nosso objetivo.”