A Relíquia da semana é a sargento da Polícia Militar Carla Maria Nunes Costa. Ela atua no Centro de Operações Rio (COR) há sete anos. Atleta, vinda de uma família de militares e já formada em Educação Física, decidiu fazer o concurso da PM motivada pela vontade de resolver as coisas que considerava estarem erradas na cidade.
“Quando eu falei que queria fazer a prova da Polícia Militar, meu pai ficou muito preocupado porque era uma época com muitas mortes de policiais no Rio de Janeiro. Era o último ano que eu podia fazer o concurso e eu preferi me arrepender de algo que eu fiz do que deixar para lá e não ter mais a oportunidade.”
Após se formar na Polícia, ela trabalhou em batalhões por alguns anos e foi transferida para Maré Zero (Central de Comunicações da PM) depois de sofrer um acidente e ser impossibilitada de atuar nas ruas. Seis meses depois, surgiu a oportunidade de trabalhar no COR por dominar bem a tecnologia.
“Eu tenho o maior orgulho de falar que eu sou do Centro de Operações da Prefeitura porque é um trabalho diferenciado, não é a rotina do policial. Aqui a gente precisa ter uma visão muito ampla de como podemos agregar para a cidade.”
O trabalho de Carla é acompanhar as operações em andamento no Rio para saber se afetam alguma escola, analisar o trânsito, acidentes, chuvas, eventuais manifestações, incêndios e qualquer coisa que possa precisar do auxílio da polícia.
“O nosso papel é agilizar para que a viatura chegue ao local o quanto antes e fazer o acionamento dos outros órgãos quando necessário para as ocorrências. A gente também avisa para as concessionárias e secretarias se no local que precisam fazer manutenção, se está tendo operação ou não.”
Entre tantos casos durante anos trabalhando com o monitoramento das câmeras, a sargento relembrou o que mais marcou sua trajetória, quando um BRT bateu na lateral de um carro enquanto ela olhava para a tela. Ela conta que ficou em completo choque porque assistiu o exato momento do acidente.
Por mais que esteja acostumada com as milhares de ocorrências de mortes, Carla afirma que lidar com elas é a parte mais desafiadora em seu trabalho, ainda mais quando envolvem crianças ou colegas de profissão.
“Os policiais também têm o lado humano. Nós deixamos nossas famílias para vir trabalhar e assim como queremos chegar seguros em casa, queremos que todo mundo chegue. Nenhuma ocorrência é bem sucedida se tem uma pessoa inocente ferida.”
Em paralelo ao trabalho na Polícia, a sargento se formou em nutrição. Hoje, aos 44 anos, atende em seu consultório principalmente pacientes de nefrologia e gerontologia.
Para Carla, o que faz a rotina ficar mais leve são as amizades que fez durante seus anos no Centro de Operações. A sargento conta que em março, o marido sofreu um acidente grave e os companheiros ligaram para saber se ela precisava de alguma ajuda. São amigos que ela diz levar para toda a vida.
A militar disse ainda que, apesar de já ter recebido propostas para trabalhar mais perto de casa, prefere continuar atuando no COR porque foi onde se encontrou.
“Enquanto eu puder, vou ficar aqui. Não é sobre a distância, mas o ambiente é o que faz com que você trabalhe bem. O espírito de colaboração que tem no COR é o que movimenta tudo. As imagens e a tecnologia são absurdas, na primeira semana da fase de adaptação eu já sabia que não queria mais sair. Foi o melhor lugar em que já trabalhei pela Polícia.”