A terceira história trazida pelo Relíquia une maternidade e profissão. Há 17 anos, Patrícia de Oliveira Amaro da Silva, de 50 anos, se viu diante de um desafio: conciliar o antigo emprego com o tratamento da filha.
Formada em Administração e mãe de duas meninas, Patrícia lidava com uma realidade conhecida por muitas mulheres: a dupla jornada de trabalho. A rotina, que já não era fácil, ganhou novos obstáculos quando a filha mais nova foi diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista.
“O meu antigo trabalho ocupava muito do meu horário, eu trabalhava praticamente o dia inteiro. Quando minha filha mais nova precisou começar o tratamento, eu já tinha feito o concurso para a Guarda Municipal, e com o trabalho em escala eu conseguiria acompanhá-la”.
COMO TUDO COMEÇOU?
No início da carreira, a servidora atuava como guarda de trânsito. E foi a partir de uma ocorrência na rua que ela teve a primeira experiência com o Centro de Operações Rio (COR), onde está alocada há quase 13 anos.
“A minha primeira experiência com o COR foi o que me fez vir trabalhar aqui. Eu estava no patrulhamento de rua quando houve um acidente com um carro que pegou fogo. Eu acionei o Centro de Operações e rapidamente chegaram as equipes, o Corpo de Bombeiros, e foi tudo muito rápido. A partir dai surgiu meu interesse de vir trabalhar aqui”.
Dentro da Segurança Pública, a Guarda Municipal atua em ações destinadas à proteção do patrimônio público, bem como em ações de fiscalização, orientação, apoio e colaboração na esfera municipal.
A partir dessas possibilidades, já no Centro de Operações, Patrícia atuou em várias frentes. Atualmente, ela trabalha em apoio à Civitas (Central de Inteligência, Vigilância e Tecnologia de Apoio à Segurança Pública), criada este ano.
“Eu comecei no monitoramento de monumentos, já passei pelo 1746, que é o atendimento do Disque Denuncia, depois fui para a multagem, e agora tô nessa parte administrativa de apoio à Civitas. Além disso, tem o trabalho com os grandes eventos como Carnaval, Réveillon, Rock in Rio, Maracanã”.
MACHISMO E MARIELLE: EPISÓDIOS QUE MARCARAM
Com quase duas décadas atuando em uma área sensível do serviço público, é claro que nem tudo são flores. Patrícia relembrou dois episódios impactantes da carreira: uma situação de machismo sofrido na rua, e o dia do assassinato da vereadora Marielle Franco.
“Eu atuava com a multagem na Rua São Clemente, em um cruzamento, quando um homem começou a falar que eu estava fantasiada, que eu deveria estar em casa lavando roupa. Na hora não entendi nada, porque ele não estava sendo multado. Mas é claro que depois do desacato eu precisei. Outro episódio que me marcou demais foi o assassinato da (vereadora) Marielle Franco. Na época eu fazia plantão de 24 horas e, na noite do crime eu estava aqui no COR. Lembro que a polícia veio pegar as imagens das câmeras de segurança da rua. Foi um dia muito marcante”.
A escolha por um emprego que viabilizasse os cuidados com a filha abriu outras possibilidades para a servidora. Perguntada sobre o que mais gosta na rotina do Centro de Operações, Patrícia destacou o dinamismo do trabalho e a oportunidade de poder ajudar outras pessoas.
“Esse trabalho de monitoramento das câmeras ajuda muito na prevenção de ocorrências e na ajuda a população. Já aconteceu de a gente visualizar turistas em situações vulneráveis, ou pessoas passando mal, e acionar equipes da Polícia ou dos Bombeiros para o local. Esses acionamentos salvam muita gente. Então poder dar esse suporte em tempo real é muito satisfatório”.